Oxalá é quem sabe

Este livro é uma homenagem apaixonada às histórias que foram escritas depois de terem sido tantas vezes contadas sem papel e grafite. São histórias transmitidas a partir da tradição oral iorubá, um povo da costa ocidental africana, mais ou menos onde hoje encontramos a Nigéria. Os iorubás chegaram às Américas com a desumanidade da escravização. Foram desterrados, raptados, violentados, roubaram suas casas, suas famílias, sua cultura e sua felicidade.

Na diáspora americana, recontaram as histórias de seus deuses, as fábulas de suas crianças, os mitos de criação do universo. Sobreviveram, adaptaram, acomodaram uma rica literatura oral, ou oralitura, que guarda em seu estojo um verdadeiro tesouro de saberes, em prosa e verso. Essas histórias pertencem ao extenso repertório das narrativas de Ifá, que é o nome de uma divindade, de um conhecimento e também de um oráculo. Estão a serviço – se é possível dizer dessa forma – da consulta oracular. Com elas contamos as histórias de cada um de nós, de maneira exemplar, como alegorias existenciais que são. As que compõem este livro são recontos, algumas; outras são invenções, confessadas sem artifício, inspiradas por um provérbio, uma frase, memória, desmemória ou imagem, todas habitantes dos reinos de fantasia e milagre existentes em Ifá.